sábado, 10 de março de 2012

Série Igrejas de Roma: Chiesa Santa Maria degli Angeli e dei Martiri

Ciao,
Este é o segundo post da "Série "Igrejas de Roma". No primeiro post eu falei da "Chiesa Santa Maria Sopra Minerva". Hoje eu convido vocês a conhecerem a belíssima "Chiesa Santa Maria degli Angeli e dei Martiri". Confesso a vocês que eu queria ter aberto esta série com esta Chiesa, pois desde que cheguei em Roma, eu a via quase todos os dias, já que ela fica localizada perto do hotel que  hospedei assim que cheguei. Mas no corre-corre dos primeiros dias aqui, nunca sobrava tempo para visita-la Até que dia 07/02, sai de casa com intuito de vê-la. Esta Chiesa tem uma história muita antiga e hoje ela é uma Basílica menor.
Ela está localizada perto da estação Termini ao lado da Piazza della Repubblica. Vejam a localização no google maps:


Esta é a frente da Chiesa Santa Maria degli Angeli e dei Martiri:



Diferentemente de outras Igrejas que visitei, esta tem a fachada bem simples sem muitos ornamentos ou esculturas. Ela é toda de tijolos por fora e passa uma idéia de antigüidade. Amigos, mas ela não só aparenta ela é antiga mesmo, eu explico. 
Esta Chiesa foi construída aproveitando o espaço das antigas Termas de Dioclesiano. Esta Terma construída na era imperial foi a maior da Roma Antiga e operou de 306 a 537, quando os Godos (povos germânicos) destruíram o arqueduto que a alimentava. De acordo com o site desta Igreja, estas Termas serviram como banhos públicos e terapêuticos. Neste mesmo lugar os romanos podiam assistir jogos, conferências e colocar o papo em dia. Neste espaço também havia biblioteca, galerias de arte e audições de música. Enfim, era um lugar de lazer e um ponto de encontro.  A construção desta Terma começou em 298 d.C e  foi concluída por volta de 306. Todos aqueles que se recusaram a obedecer  ao mandamento de honrar os deuses tradicionais foram obrigados a trabalhar nas pedreiras e na fabricação dos tijolos dessa Terma. Boa parte deles eram cristãos e sete deles foram considerados depois pela Igreja Católica Mártires, são eles: Saturnino, Ciriaco, Largo, Smaragdo, Sisinnio, Trasone e Marcello Papa.
A Basília  de Santa Maria degli Angeli e dei Martiri, surge por volta de 1563 devido aos esforços do sacerdote siciliano Antonio Lo Duca. Ele sonhava em tornar oficial a devoção aos sete anjos (Michele, Raffaele, Gabriele, Jeudiele, Salatiele, Barachiele e Uriele) e em 1541 teve uma visão de uma luz branca emergir das ruínas das Termas de Diocleciano e no centro estavam os sete mártires. Estão visão deu a este sacerdote a certeza que este lugar deveriam servir de culto aos sete anjos.
Assim, depois de muitas idas e vindas o Papa Pio IV Médici emitiu uma Bula em 1561 consagrando as Termas de Diocleciano como a Chiesa Santa Maria degli Angeli e dei Martiri.
A reformulação das Termas para servir de Igreja ficou a cargo do grande arquiteto, pintor e escultor Michelangelo. Ele elaborou um projeto com a intenção de deixar intactas as estruturas da sala de banhos romanos  e teve que suspender o piso em 2m para usar as antigas colunas de granito que já existiam nas Termas. Mas com a morte de Michelangelo em 1564 o trabalho não foi concluído por ele passando a cargo Jacopo del Duca. Assim, muito do projeto original de Michelangelo não foi concluído. 
Mas vamos a Igreja. Esta tem forma de cruz como muitas de Roma. As suas portas são mais recentes, datam de 2006 e foram esculpidas pelo polonês Igor Mitoraj. 






















O seu interior é super iluminado. É a igreja mais iluminada que vi até agora, o que possibilita observar os detalhes dos quadros, capelas e piso. Mas há um motivo para que ela seja bem iluminada, mas eu conto daqui a pouco. No formato de cruz, esta igreja tem no seu primeiro salão uma grande abóbada ricamente decorada com relevos em forma de flor que se unem no teto a um vitral em tons de violeta e azul.



Este vitral já foi uma adição mais recente. Feito em 2000 pelo artista ítalo-americano Narciso Quagliata, a intenção  era esta das fotos abaixo de Paolo Cipollina que se encontram no site oficial da Igreja. Uma imagem vale mais que mil palavras então observem:























Como não consegui fotos como estas acima devido ao horário que visitei, deixo com vocês um vídeo dos detalhes desse belíssimo vitral.


Nesta igreja há ainda outros vitrais. Eles ficam espalhados nos tetos e iluminam as pequenas capelas:



Na terceira capela do lado esquerdo há uma imensa escultura de mármore de Igor Mitoraj de 2006, que mostra a cabeça de São João Batista. Esta escultura chama atenção pelo seu tamanho e beleza:


No seu interior, nas capelas e paredes, há diversas pinturas que retratam Maria, os anjos e os mártires. 





Mas, eu tinha dito as vocês no começo do post que esta igreja era bastante iluminada por um motivo. Pois agora eu conto porque. No início do século XVIII o Papa Clemente XI pediu ao astrônomo Francesco Baiachini que construísse uma Linha Meridiana, ou relógio do sol no seu interior. Antes da criação de Roma, o calendário adotado no mundo era o Egípcio. Com a criação de Roma foi estabelecido o calendário romano que possuia 10 meses e 304 dias. Como esse calendário se mostrou impreciso, em 46 a.C o Imperdor Júlio Cesar percebendo que as festas romanas em comemoração a primavera caíam em pleno inverno, determinou que o astrônomo Alexandrino Sogígenes corrigisse o erro. Nesta mudança o calendário passou ser chamado Juliano e a ter 12 meses e 365 dias com o ano bissexto a cada 3 anos. Mais tarde o Imperador Agustus reformolou novamente o calendário determinando que o ano bissexto fosse a cada 4 anos. Assim em homenagem aos dois imperadores, o mês de Juliano se transformou em Julho e o mês de Augusto se transformou em Agosto. Mas, no século XVI o Papa Gregório XIII reuniu um grupo de especialistas para fazer regressar o equinócio da primavera para o dia 21 de março. Desta forma, para comprovar a validade do calendário Gregoriano, o papa Clemente XI convocou o astrônomo Francesco Bianchini para contruir a Linha Meridiana que se encontra na Chiesa Santa Maria degli Angeli e dei Martiri.
A luz entra por um buraco no teto e ilumina de acordo com a época do ano a Linha Meridiana. Nas extremidades da linha existem as constelações de Câncer e Capricórnio determinando o soltíscio de Verão e Inverno. Vejam as fotos que fica melhor de entender.
Esta foto de Fabio Gallo que também se encontra no site da Igreja mostra o orifício por onde entra a luz que incide sobre a Linha Meridiana


Esta linha esculpida no chão da Igreja traz informações sobre os ângulos das constelações o que possibilita medir com exatidão os meses e dias do ano.






Nesta linha Meridiana, há também desenhos das constelações:
  



A linha Meridiana funciona até os dias atuais, e esta Igreja além de ser um espaço de orações é também espaço de pesquisa de estudantes, cientistas e astrônomos, que vem  observar a incidência do sol nos meses do ano. Até hoje esta Linha Meridiana serve para guiar o nosso tempo, os meses, os dias e os anos.


Ah, para mais informações, visitem site desta Igreja que é riquíssimo: http://www.santamariadegliangeliroma.it/

bjs e até breve.





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